quinta-feira, 14 de maio de 2015



  30 dias sem fumar e sem beber  ( terça-feira 24.09.2002...13 anos atrás...)

   Um mês, 720 horas, 43.200 minutos sem beber e sem fumar. Parece repetitivo o que escrevo, mas para mim não é. Escrevo o que se passa comigo e, se todos os dias penso no cigarro e na bebida, é porque meu cérebro ainda não se libertou do vício. Preciso saber se tudo isso que passo, está dentro da normalidade. Estou louco ou estou ficando? Porque viver sem cigarro e bebida é como ir à praia e não comer camarão. Ir pescar e não lançar a isca. Ver flores e não sentir sua beleza. Sentir fome e ,sede e não ter como saciar. Ler um livro em que está faltando a página final. Estar tomando banho quentinho e apagar a luz. Fazer sexo e não gozar. Escovar os dentes sem pasta dental. Defecar e ver que o rolo de papel não esta no banheiro. Ter dor de cabeça e não ter aspirina. Ler o Encontro Marcado e não chorar.  Ser criança no Natal e não ganhar brinquedos. Jogar nas loterias da Caixa e pensar que vai ganhar. Viver na Terra e ser terráqueo primitivo. Se apegar na ideia para camuflar o fato. Escrever poesias e não amar o mundo. Ter apego e achar que é amor.  Ser pobre e pensar que é humilde e simples. Ir a Igreja e achar que isto é ser religioso. Ficar de pernas cruzadas e achar que isto é meditação. Viver nas cavernas e achar que é santo. Ter bilhões de terráqueos primitivos em estado miserável e acreditar em milagres. Tomar um cafezinho SEM FUMAR DEPOIS.
   Fui ao dentista, meus dentes estão péssimos. Não há obturação que resista à tanta bala. É tão difícil seguir com os dedos meus pensamentos. Escrever minhas reações, minha mágoa, meu contato com os humanos. Como explicar as vozes que às vezes ouço? É maleficamente saboroso esse cheiro de cigarro no ar, impossível descrevê-lo. Se eu fosse fraco sairia correndo e gritaria aos céus:- Me deixem fumar um cigarro, por favor. Deus, só uma tragadinha do teu imenso amor. Meu bar por um cigarro. Minha alma por um porre. Meu toque de Midas transforma tudo em cigarro e bebida. Malditos os fabricantes. Maldita as leis. Quem é mais assassino, quem constrói ou quem detona a bomba? Quem é mais ladrão, o dono do banco o que rouba o banco?
   Neste mundo de terráqueos primitivos, em tudo que tocamos vira dor e sofrimento. Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo. Amém.

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