sexta-feira, 17 de abril de 2015
LIVRO: Big Brother do Cigarro, da Bebida e dos Jogos.
prefácio do livro por ROBERTO PRADO - poeta Curitibano!
Em virtude do vício
Dia e noite. Branco e Preto. Ying e Yang. Bem ou mal. Prazer ou dor. Positivo e negativo. O maniqueísmo dual é uma doença da alma.
Emparedados entre o vício e a virtude, a cabeça em mono dos humanos comuns é campo de uma sangrenta batalha. Quem ousa sair deste delírio e enfrentar o destino cruel é chamado de herói e a ele está reservada a glória - acompanhada de seu irmão gêmeo, o martírio.
Oculta sob diversos disfarces ( Héracles, Jesus, Sócrates e outros da estirpe santa dos grandes malucos), a humanidade vem tombando neste combate íntimo, secreto, interior, que as religiões e doutrinas políticas teimam em falsificar em culto externo.
Mas lá no fundo, bem no fundo de nossas pobres alminhas ( que de tão pobres há quem considere que se quer existem) nós sabemos que vício e virtudes são faces da mesma moeda e quase sempre se apresentam em dupla tão entrelaçada que mal dá para perceber as fronteiras.
Não nos iludamos: depois de enfrentar a natureza, os demônios e os deuses para localizar o vício, o herói acaba descobrindo que ele tem tantas e tão longas garras, raízes e metástases espalhadas na personalidade que extirpá-lo é sofrer uma amputação sem anestesia ( pois a virtude é , necessariamente, um ato de escolha consciente).
Cuidado. Este não é um livro de auto ajuda para tabagistas e jogadores compulsivos, apesar de ser útil a eles também. Portanto, só vá em frente se estiver disposto a um mergulho sem salva-vidas nas profundidades atormentadas do ser humano, no qual os horrores e as maravilhas do viver dançam juntos.
As aventuras de Francisco Wojciechowski cortam a carne da alma às vezes com delicadeza de um neuro cirurgião, em outras com o frio profissionalismo do legista e, quando necessário, a golpes de facão de peixeiro, para dela extrair tudo o que é ilusão, ego, vício, E tudo isso sem perder a sua grande virtude, o sincero bom humor.
Para dar as boas vindas, vamos relembrar o poema de Torquato Neto ( um herói autoimolado):
A virtude é a mãe do vício conforme se sabe;
acabe logo comigo ou se acabe
A virtude é o próprio vício - conforme se sabe
- estão no fim, no início da chave.
Chuvas de virtude, o vício conforme se sabe.
ROBERTO PRADO - POETA!
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