sábado, 18 de abril de 2015




   02.09.2002  ( segunda - feira ) 8 dias sem fumar e sem beber
   ( na foto eu, minha esposa, meu filho Josemario e minha filhinha Maria Angélica)

   Se já é difícil esquecer o cigarro com calor, imagine com 2 graus, como estava hoje as 7:00h. O frio endurece meus dedos, vou a padaria rapidinho, compro a Tribuna do Paraná e cigarro,
CIGARRO, mas não pra mim, mas pra deixar no copo dos cigarros avulsos que acabaram ontem. O fato de, às vezes, precisar comprar cigarro, faz alguns duvidarem que eu parei de fumar. Como ele vai pensar que é pra vender no bar. Pior, que espalham que te viram com o cigarro e pensam que esta fumando escondido. Muitos até torcem, para que a pessoa não largue do vício. Entendem o que eu digo. É o mesmo que o alcoólatra estar no bar, sem beber. As pessoas não acreditam que o alcoólatra pode frequentar o bar e tomar um leite, café ou refrigerante,etc...Como é maliciosa e perversa a índole das pessoas que se alimentam do fracasso humano. São as mesmas pessoas que no domingo vão a Igreja, pensando que isto é ter fé e ser religioso.
   Não vejo a hora de entrar debaixo das cobertas com este frio, contar uma historinha pro meu filho, que me espera com tanta ansiedade eu fechar o bar. Puxa 8 dias, os últimos clientes saíram, o bar ficou solitário, mas o cheiro de cigarro  reinava no ar. Que posso fazer, proibir de fumarem aqui? Terei de aprender a viver assim, da mesma maneira que encontramos sempre um casebre farto de crianças famintas ou uma mansão com cães guardas bem alimentados.
   Quando deixei meu filho na escola hoje, meu lado fera aflorou, fui uivar no quintal e xingar a bebida e o cigarro de todos os nomes. Amém. sozinho com meus patos, cachorro, peixes e os fantasmas do dia a dia esgotei minhas energias. De repente, o próprio silencio se estendeu sobre minha voz. Vulnerável, caí em prantos. Não sei por que. Quando deixo meu filho Josemario na escola, sempre tenho a sensação de que é o seu primeiro dia de aula.
   Depois das torturas mentais, tomo um banho, e as balas não param na minha boca: morango, banana, hortelã, dadinho, doce de amendoim, café com leite, enfim, me apego em tudo que posso para não sentir a tentação de uma tragadinha, que seria fatal como o primeiro gole de um ex-alcoólatra.
   Quantos quilos engordei? Se continuar comendo doce assim arrumo uma diabetes. Bom, mas não vou me preocupar com isso agora. Em primeiro lugar está a luta ETERNA contra meus vícios, depois combato essa ânsia, compulsão a comer e chupar bala o tempo todo.
   Nesse momento passam três cavalos em plena av..Paraná, montados por três rapazes de chapéu pela canaleta do ônibus expresso, pensando que estão esnobando e abafando. O cavalo pra eles é mais importante que o cavaleiro. Continuo fumando uma bala depois da outra. Eles entram no meu bar, com ar de superioridade, pensam que podem montar em cima de mim, como nos cavalos. Ao quererem ser mais, caem do cavalo? Impossível neste momento qualquer explicação que não seja provocada pela falta de nicotina no cérebro, coração, corpo e alma, os pensamentos da tanta fumaça criaram chuva e lavaram minha alma com cerveja. Não sei porque me senti mal com os cavalos na frente do bar e os cavaleiros, mas me deram um lucrosinho no fechar das portas.

Nenhum comentário: