quarta-feira, 7 de maio de 2008

BOLA PERDIDA

CÓPIA DO BLOG: polacodabarreirinha.blogspot.com




Bola Perdida

"Quem perde ou ganha um jogo é a alma."

Meus psicóticos leitores, já vi de tudo nesta vida, mas arrogância e prepotência símiles às de Petraglia não têm registro na história universal. Cristo, quando foi tentado no deserto, sofreu a provação de todas as armadilhas que a matéria é capaz de criar no espírito. Mas isso não tem importância. O que eu quero mesmo dizer, e digo-o agora, é que o Petraglia tem seduzido, com sucesso, a massa atleticana. A matéria, o vil metal, mais todas as mazelas que os acompanham, têm dado à feição atleticana os traços que a desfiguram. O dono do Atlético faz o que quer, quando quer e como quer. Está acima de tudo e de todos. Manda e desmanda, os descontentes que se mudem. Mas nem sempre foi assim. Longe vai o tempo em os dois times se uniam para o campeonato brasileiro, longe vai o tempo em que vi Nilo, emprestado ao Atlético, sendo aplaudido de pé pelo estádio lotado de coxas e atleticanos ao marcar um golaço do meio do campo, longe vai o tempo em que graças a essa união se quebravam todos os recordes de público, longe vai o tempo em que torcer era fazer piadas, gozações e dividir o Couto Pereira ao meio para a festa ser completa.
Desculpem-me por esse rompante, meus líricos leitores, mas quando estou diante de uma ambição desmedida, capaz de jogar o nome de Joaquim Américo aos leões do esquecimento em troca de favores monetários, eu chego a pensar o diabo. Não é possível que nenhuma alma atleticana se levante ao ver seu clube do coração ser satanizado, odiado, excomungado. Eis aí a grande verdade, o vírus Petraglia está contaminando a torcida rubronegra: 29 ônibus depredados, armas, drogas, agressões, confrontos. A matéria tomou conta. Um belo estádio, um modelo de CT, dinheiro em caixa, mas cadê o Atlético? Cadê o espírito de Jofre Cabral, cadê a alma de Valmor Zimmermann? Jesus disse que onde estiver o seu coração, ali estará o seu tesouro. Mas o Atlético hoje não tem coração e, portanto, não tem também um tesouro.
O Roberto Prado me mandou um e-mail mais indignado do que Danton diante dos crimes de Roberspierre: "Dalton, fiquei assustado. Nem o imperador Calígula ousava tirar o direito do campeão no circo dos gladiadores. Domingo, no semi-circo, os cartolas materialistas ousaram desafiar os deuses da bola. A atitude da diretoria atleticana mostra que, dependendo dos personagens envolvidos, a história pode, sim, andar para trás. Negativo para eles!"

Pois é, Roberto, nem Calígula. Em vez de festa, desrespeito ao torcedor, à Federação, ao time do Coritiba, e muito pior, à tradição de alegria do futebol brasileiro. Mas não pára por aí o desmando. Transmitiram ao vivo o jogo sem a permissão do Coritiba, ignorando uma ordem judicial conseguida pelo canal 12, e com palavras de baixo calão e expressões desrespeitosas à torcida e ao time do Coritiba. É o vírus Petraglia agindo no sangue atleticano. É a arrogância e a prepotência infectando um passado de glórias e empanando o brilho de homens como Aníbal Requião, Ítalo Conti Júnior, João Alfredo Silva, Renato Siqueira, Motta Ribeiro, Maneco Aranha, Abílio Ribeiro, entre outros que fizeram o verdadeiro Atlético. Esse que está aí, não é o Atlético. É, sim, uma caricatura de time de futebol, uma empresa onde o lucro e a matéria estão acima do bem.
Mas isso não tem importância. Vamos ao Atletiba decisivo. O sobrenatural rondou o Estádio Joaquim Américo. Dorival e Ney armaram seus times com o que achavam que tinham de melhor. Nei, certo; Dorival, errado. O Coritiba, apesar de começar melhor, sofreu um gol. Netinho tenta cruzar e a bola entra no ângulo, dando uma mostra ao Édson Bastos do que o detalhe é capaz de fazer num clássico. Vem abaixo a torcida atleticana que até então fazia uma bonita festa. O Atlético passa a mandar no jogo, mas de maneira inconsistente, mais no abafa do que na técnica. E assim foi até o apito do juiz. Vem o segundo tempo, com ele o gol de Marcelo Ramos e o fim do Atlético. Isso mesmo, meus incrédulos leitores, o segundo gol rubronegro selou a sua sorte. Porque os dois técnicos mexeram em seus times e, desta vez, Dorival, certo; Ney, errado.
Marlos entrou em campo e mostrou porque é comparável a Alex; Henrique Dias, porque é sempre decisivo. Paraíba, Pedro Ken e K9, iluminados pela nova postura do time mandaram a campo um inesgotável repertório de dribles, jogadas trabalhadas, técnicas esmeradas e o resultado foi a perplexidade geral da torcida atleticana. O gol de Henrique Dias ou aquele outro que ele perdeu na cara do gol foram apenas detalhes, nada mais. A bola na trave do K9 a prova definitiva de que o Sobrenatural de Almeida estava em campo. Augusto Mafuz, colunista atleticano, na Tribuna do Paraná, assim definiu a epopéia coxa-branca: "Então, como tudo que é lógico, passa a ser justo também no futebol, a solução correta foi dada dentro de campo, com a flagrante supremacia sobre o Atlético.Em nenhum momento, os coxas correram o risco de perder o título neste jogo da Arena. Nem mesmo quando perdiam por 2 a 0 e pareciam submissos à emoção atleticana. Mas a emoção não basta para ganhar um jogo decisivo, porque ela não conduz ao poder técnico que se exige. Prova esta que, quando Marlos entrou, o Atlético se esvaziou. Sofrendo o gol de Henrique Dias, foi fragmentado no pouco que lhe restava, pelos erros de substituição de Ney Franco. Enquanto o Coritiba, no último terço do jogo, jogava com a verdade, que são Ken, Keirrison, Marlos e Paraíba, o Atlético continuava mentindo para a sua torcida, com Piauí, Nei, Alan Bahia, Pimba e Léo Medeiros."
Acho que o restante dos acontecimentos já foram devidamente registrados nesta coluna. O meu tio Torcedor, logo após o jogo, esteve aqui em casa. Entrou chutando a porta e berrando:
- O Petraglia tem que ser expurgado do futebol brasileiro!
- O que aconteceu? Perguntei, depois do sobressalto que quase me defenestrou.
- Esse abutre passou dos limites. A torcida atleticana não merece o que este cara está fazendo.
Do mesmo jeito que entrou, saiu. Da porta, ainda me lançou um envelope, me deixando sozinho a pensar com meus botões de futebol de mesa. Pensei mais comigo do que com os meus botões: "Com certeza ele passou pelo terreiro do Pai Véio Chico Fantasma e pegou a mensagem psicografada do Machado de Assis. Não deu outra, meus supersticiosos leitores, pra vocês, na íntegra (quem sou eu para mexer numa vírgula do mestre): "O fanatismo religioso é perigoso, muito perigoso. Mas o fanatismo futebolístico é mil vezes pior. O cara deixa de ter um Deus, para ter um time."

É isso aí, meus conclusivos leitores. O Machado está certíssimo. O Maringas está comemorando. O Edílson Del Grossi não deu as caras e o Trevisan não me ligou. Opa, só um minutinho que o telefone está tocando.
- Alô, pois não.
- Ô Dalton, tô tentando falar com você desde ontem.
- Desembucha, Trevisan.
- O Mahatma Ghandi certa feita disse: "Não me assusta a violência de poucos, mas o silêncio de muitos."
- ?!
- É isso aí, tchau e bênção.
- Mas...
Nem mais nem menos, desligou. Peguei um copo de licor de ovos e uma broinha de fubá mimoso e sentei-me para escrever o fim desta longa jornada. Ao primeiro gole que empurrei para empurrar um naco da broinha, me lembrei de um encontro que tive com Nelson Rodrigues, em Ipanema. Não lembro o ano, nem o mês, nem o dia, mas a imagem daquele encontro dilata minhas pupilas até hoje. O nosso grande dramaturgo estava muito triste com a derrota do seu Fluminense no clássico FLAFLU. Nem mesmo quando passou uma garota cheia de graça por nós, houve mudança em seu semblante. Nelson, sorumbático e macambúzio, com voz de barítono resfriado, sentenciou: "Estamos sós, Dalton, e a nossa miséria é maior do que a deles. Os canalhas não têm escrúpulos e estão mandando, dirigindo nossas vidas."
É isso, meus pacientíssimos leitores. Aos torcedores do Coritiba, meus parabéns. Aos verdadeiros atleticanos, também. Quanto ao resto, bem...Poupem-me, pois baixaria tem limite e eu ainda não tenho raiva de mim.

Dalton Machado Rodrigues(Francisco Wojciechowski RG2067524-l fone:91767907 R.Av.Agua Verde,2150 Ctba Pr orkut:chicofantasma
comunidade: chico100%coxabranca blog:chicofantasma.blogspot.com copiado blog do Tadeu: polacodabarreirinha.blogspot.com 07.05.08

2 comentários:

O Céu Azul e Nublado de um Autista Severo. disse...

FANTÁSTICO É TUDO QUE POSSO DIZER
DESTE TEXTO DO DALTON

O Céu Azul e Nublado de um Autista Severo. disse...

FANTÁSTICO É TUDO QUE POSSO DIZER
DESTE TEXTO DO DALTON