sexta-feira, 23 de maio de 2008

TODA SEXTA TEM PORRE DE SABEDORIA

CÓPIA DO BLOG:polacodabarreirinha.blogspot.com
TODA SEXTA FEIRA TEM OBRA PRIMA DO DALTON

E TODA SEXTA FEIRA TEM MEUS PALPITES DA LOTECA
E DELÍRIOS MENTAIS do Chico Fantasma NO MEU BLOG: chicocoxabranca.blogspot.com

meu e-mail: chicofantasma15@bol.com.br
orkut: Chico Fantasma


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DO POLACO. QUANDO CHEGA SEXTA, JÁ SABE, É DIA DE TOMAR
UM PORRE...DE SABEDORIA. ABRA A TAMPA DESTA GARRAFA E TIRE
O PÓ DA MEDÍOCRIDADE QUE NÓS TERRÁQUEOS PRIMITIVOS CARREGAMOS
PELOS SÉCULOS E SÉCULOS...AMÉM!


sexta-feira, Maio 23, 2008


Bola Perdida

“Jimi Hendrix , no festival de Monterrey, fez uma exibição tão divina e maravilhosamente perfeita que se tivéssemos que separar músico e instrumento
seria o mesmo que operar xifópagos.”


Meus irrequietos leitores, não se preocupem, isto aqui ainda não virou coluna musical, mas, vocês sabem, ela é e sempre será uma janela aberta para a vida, a alegria e a arte. E, para os brasileiros e mais uma boa parte do mundo, o maior artista de todos os tempos ainda é Pelé. Então para ficar tudo absolutamente claro entre nós, podemos, se pensarmos com inteligência, chegar juntos à mesma conclusão, isto é, assim como não podemos separar a guitarra de Hendrix, também não podemos separar a bola de Pelé. Esses dois gênios, que uso como exemplo, seriam corpo e alma como nós? Desconfio que não. Intuo que são mais. Muito mais. Digamos que, além do corpo e da alma, há nestes predestinados uma extensão dos corpos (guitarra e bola), assim como também de suas almas (música e futebol). Mas isso não tem importância.

- Se não tem importância, então, por que você fala sobre isso, ameba artrítica? Ouço à minha direita e, sem olhar, adivinho o Geraldo, num esgar, a esticar o olho em direção ao que escrevo para pilhar idéias, enquanto recolhe restos de baba elástica com o lenço engomado e duro de tanto ranho seco.

- O quê! Não me diga que esse coágulo de sangue tuberculoso já começou a punhetar? Com o canto do olho, observo à minha esquerda, um semi-rosto em meio a uma espinha enorme, voluptuosa, prestes a entrar em erupção e me protejo, abrindo o guarda-chuva. Me sentindo seguro, observo Ribamar, o matusalênico office-boy da redação, olhos de boi assustado, espremendo, empurrando, suando, no limite de suas forças, até que, num momento apoteótico, a hecatombe se realiza e me proporciona uma visão do que pode ter sido um dia o big-bang. É o sebo líquido que explode cedendo à pressão dos dedos e se espalha por toda a redação, meus cepticíssimos leitores. Mas, não se enganem, não é só o sebo de uma espinha, não, não é uma espinhazinha qualquer, como são as espinhas da classe média, por favor, acreditem. É, antes, uma excreção ancestral, milenar, um vazamento remoto, de bem antes do homem tirar as patas dianteiras do chão. Um fenômeno tão desgraçadamente nojento que a natureza, por bem e por asco, já havia extinto e sepultado há pelo menos cem séculos. Mas isso não tem importância,
meus importantíssimos leitores.

Os dois infelizes caem na gargalhada e, de braços dados, saem para fumar, mas não sem antes conferir os vestígios de sebo sobre esta folha alva em que escrevo. Dou-lhes as costas e, como quem reza, início a oração que estava prestes a lhes dizer, quando fui interrompido. O assunto de hoje, meus honestíssimos leitores, o que realmente quero lhes dizer é algo que me assombra há muito tempo. É de conhecimento de todos vocês o célebre ditado que diz que a justiça é cega. Pode até ser, mas só no restante do mundo. No Brasil, ela é cega surda, muda e tetraplégica.

- Toda regra tem exceção, ô besta apocalíptica. Geraldo volta, senta-se à minha direta e solta a última baforada na minha cara, rindo.

- Por que não fecha esse bebedouro de lavagem, hein, cachaço capadão? Zurra, apagando o cigarro sobre minhas anotações, o office-old.

Apesar da indelicadeza gratuita dos dois delinqüentes senis, não perco o fio da meada e retomo. Dia desses, pensando cá com os meus botões de futebol de mesa, deduzi que não há nada neste mundo, quiçá além dele, mais corrupto e ganancioso do que grande parte da classe política brasileira. Não, não estou sendo inocente, meus precipitadíssimos leitores. Lógico que essa classe, além de se servir no lauto banquete das mutretas e da impunidade, serve o grupo mandante, que, servido, caga caviar e limpa o rabo com notas de cem, enquanto sorri para as colunas sociais e para nós que ficamos sem nenhum. São péssimos exemplos. Gente que veio ao mundo só para pilhar, piratas que roubam mais do que poderiam gastar se vivessem mil anos.
Me dá nojo. Mas isso não tem importância.

Sei que vocês devem estar se perguntando: “Mas o que isso tem a ver com o Hendrix, com o Pelé, com a música, com o futebol?”

Tudo, meus argutíssimos leitores. E explico: sem arte, o mundo é apenas matéria. Um amontoado de tijolos, postes, pedras, fios, antenas, papéis, ferros, rodas, carnes e ossos. Reduzida à simples matéria, a humanidade se brutaliza. É muito pior do que qualquer animal selvagem, pois esse só mata na medida exata de suas necessidades. O homem ganancioso não, esse é capaz de colocar uma amante, coberta de jóias raras num transatlântico de luxo e deixar quinhentos operários na sua fábrica à míngua. Não tem limites a ignorância e a cegueira provocadas pela ambição. Mas não era exatamente isso que eu queria lhes dizer. A verdade é que o campeonato brasileiro vai que é um upa para alguns times e nem tanto para outros. O fim de semana para os clubes paranaenses, na verdade, foi o fim do mundo, um Apocalipse Now sem a direção de um Francis Ford Coppola e sem a interpretação do genial Marlon Brando.

O Paraná levou uma tunda tão formidável que caiu de quatro nas areias do Castelão. Tupo por culpa do campo. Realmente é uma vergonha, mas isso é série B, meus paraníssimos leitores. Ainda bem que, na terça, o Paraná conseguiu um empate em Marília e não voltou com as mãos completamente vazias. Jogou bem, dominou, mas no futebol nem sempre o melhor vence. Vamos torcer que essa melhora do padrão de jogo não seja apenas uma ameaça e comece realmente a se recuperar e somar pontos.

O Atlético, apesar de ter conquistado um ponto com o empate, jogou bem 28 minutos e novamente se perdeu. Os reservas e juvenis do São Paulo foram pra cima e só não ganharam o jogo, porque o rubronegro está com sorte. Muita sorte, meus atleticaníssimos leitores, tanta sorte que o Nei foi mandado embora. Francamente, o time estava sem padrão de jogo, sem esquema tático, sem liderança dentro de campo, enfim, um amontoado de jogadores, correndo atrás da bola e, quando a tinham, não sabiam o que fazer com ela. Mas isso não tem importância.

A vergonha maior do nosso futebol ficou mesmo por conta do Coritiba, ou melhor,
de uma pequena parte de sua torcida, pois apanharam quatro vezes: no campo, em frente à sede da torcida do Figueirense, na delegacia e na mídia. Uma vergonha em rede nacional, vista, revista e que permitiu aos cronistas de todo país tripudiarem sobre as gloriosas cores alviverdes. Uma lástima só comparável ao primeiro tempo do jogo. Uma modorra só. Eu havia dito semana passada que se o coxa jogasse 70% do que jogou contra o Palmeiras ia ser um massacre, mas não jogou nem 20% e sentou que rosqueou. Resultado: 2x1 para o Figueira. Após o intervalo, o time que entrou em campo era outro. O Dorival Jr. deve ter dado uma mijada daquelas. O coxa pressionou, dominou, mas sem alma, sem coração, sem força, sem técnica e sem estratégia. A verdade, meu coritibaníssimos leitores, é que o coxa, sem seus principais jogadores, é um time extremamente comum. De bom, apenas Guaru e Hugo. Michael, sem Carlinhos Paraíba para tabelar, não teve o mesmo brilho e Alê foi uma caricatura do jogo anterior.

Preocupante, mas, com a volta dos titulares, o time tem tudo para vencer o São Paulo e convencer. Principalmente se a dupla Pedro Ken e Michael jogar tudo que sabe e a defesa não der o mole que deu ao time barriga verde. A lamentar, a suspensão do Carlinhos Paraíba. Mas uma coisa é certa o São Paulo, depois da derrota e eliminação da Libertadores, vai vir babando e soltando fogo pelas ventas pra cima.
Vai ser aquela guerra.

O Atlético igualmente tem um osso duro pela frente, o seu homônimo de Minas.
Mas também tem tudo para vencer. O novo técnico deve dar a injeção de ânimo que falta para que os seus jogadores, finalmente, formem um time de futebol.

O Paraná, agora, tem dois jogos em casa, Bragantino e Ceará. Estão aí duas grandes oportunidades,pois com duas vitórias convincentes o time e a torcida voltarão a sorrir. E quem sabe até o técnico, que não anda com cara de bonamigo. Perdoem-me o trocadilho, mas também sou humano, meus pacientíssimos leitores.

O que não posso deixar de lhes dizer é que o meu tio, o Torcedor, o único cara no mundo que não perde uma partida de futebol e não torce para time nenhum, a não ser pelo futebol-arte, piorou e pirou. Entrou em depressão profunda, ao saber, na UTI, através de uma enfermeira fofoqueira, os resultados dos jogos do domingo passado. Segundo relatos dos médicos que o atenderam, o Torcedor por pouco, muito pouco, pouco mesmo, não peidou para o diabo. O Trevisan apareceu lá em casa à noitinha e me contou em detalhes:

- Dalton, teu tio só não virou merda seca de micróbio porque foi atendido na hora. Foi um infarto fulminante, daqueles que normalmente o cara cai duro, seco, arreganhado e sem volta.

- Putz!

- O Torcedor vai ter que ficar 30 dias em repouso absoluto, visitas só na semana que vem.

- Bom, pelo menos, ele vai descansar na marra. Vai ser bom.

- É, proibiram televisão, rádio e jornal. É soro e sono. E por falar nisso, o Machado acordou do seu sono eterno e deixou uma mensagem para você no terreiro do Pai Véio Chico Fantasma, posso ler?

- Claro, claro, mas leia em voz alta, pois estou mais expectativo que mãe viúva quando vê a filha virgem partindo para a lua de mel.

- Escute, então: “Dalton, catei outra pérola para você :
Daqui pra frente, o fogo é irmão da dinamite!
Faça bom uso.
Machado de Assis.”

- Profundo, hein, Trevisan?

- Só. Saiu, pensativo, sorumbático e macambúzio e não disse nem tchau. Ligo a televisão e tenho que desligá-la imediatamente, para atender ao telefone,
me dêem uma licencinha:

- Alô... fala...

- Ô, Dalton, é o Roberto Prado.

- Tudo bem, Beco? O que você manda, cara?

- Eu não tenho bem certeza, Dalton, sobre o que imbecilizou mais as duas últimas gerações brasileiras, se foi a ditadura militar ou a programação dos canais de televisão.

- Acho que foi...O Beco desligou sem esperar resposta. É sempre assim, ele lança uma dúvida, descobre a resposta enquanto faz a pergunta e desliga. Vá entender um cara desses.Mas isso não tem importância.


Sirvo-me de uma generosa dose de licor de ovos e um belo naco de broinha de fubá mimoso e, sentado na varanda, olhando para as estrelas, lembro da primeira vez que me encontrei com Nelson Rodrigues. Ele falava em voz alta e gesticulava como se estivesse num teatro, falando grego: “Até poucos anos atrás, o idiota era apenas o idiota e como tal se comportava. E o primeiro a se saber idiota era o próprio idiota. Não tinha ilusões. Julgando-se um inepto nato e hereditário, jamais se atreveu a mover uma palha, ou tirar uma cadeira do lugar. Em 50, 100 ou 200 mil anos, nunca um idiota ousou questionar os valores da vida. Simplesmente, não pensava. Os melhores pensavam por ele, sentiam por ele, decidiam por ele. Deve-se a Marx o formidável despertar dos idiotas. Estes descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que, há 500 mil anos, limitava-se a babar na gravata, passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente etc. Houve, então, em toda parte, a explosão triunfal dos idiotas.” Deixou-se cair na cadeira e ficou olhando pela janela com os olhos perdidos, como eu estou olhando para as estrelas agora. O calor desses três últimos dias me alegrou, gosto destes veranicos de maio. O anoitecer é sempre agradável, tranqüilo e dá uma pausa reconfortante ao meu espírito. É isso aí, meus paupérrimos leitores, enquanto na televisão, rádio e jornais os escândalos são manchetes e espoucam em todos os cantos do país, nós, os idiotas, vamos pagando a conta. Mas domingo tem jogo e um grito de gol está atravessado em nossa garganta. Como bem disse o Maringas, quem sabe, um dia, este grito seja o rastilho que vai levar o fogo à pólvora. Ou, como eu completo, e se transforme em uma extensão de nossas almas, como o futebol e a música para o Pelé e o Hendrix. Então, além de comemorar um gol, iremos festejar também o pleno exercício de nossa cidadania, com honestidade,
bravura, verdade e arte.

Poupem-me enquanto esse dia não vem.

Dalton Machado Rodrigues

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