segunda-feira, 15 de junho de 2015




      85 dias sem fumar e sem beber ( segunda-feira 18.11.2002 à 13 anos atrás...)

   Parei de escrever nestes 17 dias, entrei numa depressão e tristeza profunda, mas me incentivaram a continuar. Não adianta ficar sofrendo, por algo que a gente não sabe quando vai acontecer. Milagres podem acontecer! Parei de escrever quando estava em 68 dias sem fumar, então após 17 dias aqui vamos nós novamente...
   Capa da Tribuna do Paraná  de hoje: - COXA PERDE O RUMO E A VAGA. Tinha tudo pra se classificar entre os oito. Mas foram humilhados e o Santos abocanhou a nossa vaga. Terminamos em 11º com 36 pontos. O Atlético 14º com 34 pontos e o Paraná 22º com 28 pontos. Vamos torcer para que em 2003 os jogadores tenham mais talento e vergonha na cara. Hora de fechar o bar, e tomar antidepressivos.

quarta-feira, 10 de junho de 2015



   68 dias sem fumar e sem beber ( sexta-feira 1º de novembro de 2002 à 13 anos atrás...)


   Os exames confirmam, tumor no cérebro, impossível operar. Tempo de vida, nenhum médico sabe responder, pode ser um dia, um més, um ano...Risco de derrame.
   Deus, agora que resolvo parar de fumar, beber, mudar de vida, você me prega uma peça dessas. Porque Deus? Porque justo agora? Parei tarde então? Já condenado? Foi castigo? As lágrimas não param. Dai-me forças, Deus. Olho uma luz em forma de 13.
   Acordo ensopado e assustado, parecia tudo tão real.

domingo, 7 de junho de 2015



   67 dias sem fumar e sem beber  ( quinta-feira 31.10.2002 à 13 anos atrás...)

   Porque comecei a beber e fumar tão cedo?  A quem culpar? Os problemas de brigas constantes em casa, a pobreza, as humilhações, timidez? Lembro-me da dona do armazém gritando alto na rua: "Manda tua mãe vir pagar a conta." Na escola: " Amanhã quem não tiver livro não entra." Uniforme sujo, camisas faltando botões. As crianças no recreio: " Sapato furado, sapato rasgado. Nos trabalhos em grupo, as outras crianças evitavam minha presença. Vivia com vergonha e viviam me gozando.
  Nunca tive coragem de fazer uma pergunta em classe. Tremia para ir ao quadro negro. Em casa, tinha vergonha das visitas. Nunca dançava em nenhuma festinha. Sempre tive vergonha de tudo, medo, pânico. Meu apelido na infância era mijão, porque mijei na cama até uma idade avançada. Era muito humilhante ser chamado de mijão na frente dos outros, morria de medo e vergonha.
   Lá em casa, o assunto era sempre dinheiro, era gás que acabava e não tinha dinheiro, lá íamos nós pegar lenha pra fazer comida no fogão à lenha. Era a luz que viviam cortando, eu não entendia porque meus pais deixavam cortar a luz, pois se passavam dois ou três dias, emprestavam dinheiro e a luz voltava.
   Nove filhos, 5 homens e 4 mulheres, não foi fácil nossos pais nos sustentarem. Minha mãe vivia doente, ela sofria de ataques, era uma tristeza profunda na casa quando tinha suas crises. E nesse clima fomos vivendo. Na infância, a coisa que mais amava era o futebol. Desde pequeno, jogar bola pra mim era o único momento que perdia completamente a timidez. Esquecia do mundo, dos problemas, da escola. Mas era só parar de jogar bola que a timidez retornava. Na escola eu sempre ia mal, principalmente em matemática. Tinha pânico quando o professor entrava na sala.
   Aos 13 anos conheci aquilo que seria minha maldição, o cigarro e a bebida. Tinha encontrado duas drogas poderosíssimas para acabar com meu complexo de inferioridade e timidez. Nesta época, a masturbação era frequente, sempre me acarretando culpa. Medo que minha mãe e irmãs ao lavar as roupas vissem mancha na cueca. Para disfarçar o cheiro do cigarro eu comia mimosa, casca de laranja ou chupava bala de hortelã. Até que não sei como, comecei a fumar na frente deles. Nas festinhas sempre bebia bastante, mas dificilmente dançava. Simplesmente eu não conseguia dançar. As vezes que tentava, as meninas me deixavam no meio do salão, e essas experiências foram suficientes para evitar tirar uma garota para dançar. Preferia ficar sempre pelos cantos, fumando e bebendo muito. Cada vez mais eu procurei a bebida, ela anestesiava minha angústia, meu medo e timidez. Fim de semana era comum chegar sempre bêbado, mas poucos davam atenção aquilo, já que em casa haviam muitos outros problemas com que se preocupar. A primeira mulher que transei foi de zona, um gozo rápido e bêbado. E assim seriam todas as mulheres do meu passado, sexo sempre estimulado pela bebida. E com os anos fui ficando cada vez mais viciado em cigarro, bebida e sexo.  Antes bebendo só nos finais de semana, depois em qualquer dia que surgisse oportunidade. As vezes não bebia por falta de grana, daí ficava vendo TV à noite, ou quando arrumava emprego e tinha que levantar muito cedo para trabalhar, daí bebia só nos finais de semana.
   As cagadas que fiz devido a bebida são incontáveis, enrubesço-me só de pensar. Mas nem só de tristeza e dor foi minha vida, teve muitos momentos que fui feliz ou ao menos achava.
   Hoje o problema da timidez persiste, mas já não lhe dou muito crédito. Não escondo mais o que sou e nem tenho vergonha de saberem que muito normal eu não sou, seja lá o que se entende por normal neste mundo.
   Li muitos livros, viajei muito,  convivi com tudo que é tipo de pessoas, e aprendi que viemos ao mundo para sermos simples e bons, simplesmente bons e simples. Demorei 40 anos para entender uma coisa tão simples.

sábado, 6 de junho de 2015



   65 dias sem fumar e sem beber ( terça-feira 29.10.2002 à 13 anos atrás...)

   Desempregado e com tantos problemas, a luta continua. Comprei mercadorias fiado pro bar, mas o movimento anda fraco, só o suficiente para não faltar comida  no dia seguinte.
   Deus...Deus...Deus...tô vencendo meus vícios, só falta um trabalho fixo. Desculpe as loucuras que falei nos meus delírios de esquizofrenia, de loucuras, de depressão profunda ou muita tristeza.

   66 dias sem fumar e sem beber ( quarta-feira 30.10.2002 à 13 anos atrás...)

   Hoje após estupenda vitória Coxa de 3 X 1, fui lá no morro uivar, e como uivei
uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
auuuuuuuuuuuuuuuu...desabafei toda ânsia de pensar em fumar e beber novamente, junto com as emoções do jogo.
 
   A pessoa  que bebe  vive em depressão. Para sair da depressão, ela bebe no dia seguinte. O alcoólatra, portanto, para acabar com a depressão, tem que parar de beber. E para parar de beber, ele precisa querer, só que a depressão não deixa ele querer e nem parar. Que fazer?

terça-feira, 2 de junho de 2015




   62 dias sem fumar e sem beber ( sábado 26.10.2002 à 13 anos atrás...)


   Atlético 1 x 0 no Coxa. Impossível descrever o sentimento que toma conta de mim, quando o Coritiba perde para o Atlético. Só não fumei e não bebi para não ter mais uma sensação de derrota. Mas quase entreguei os pontos. Só falta o Requião não ganhar, daí fedeu de vez.

   63 dias....domingo 27.10.2002...dia da eleição para presidente e governador em 2002!!

   Requião 2.684.849 votos, Álvaro 2.180.135 votos. Graças a Deus, Requião Governador e Lula Presidente. É muita emoção, a festa é enorme, até esqueci a triste derrota para o Atlético ontem. Milhares de bandeiras do Lula e do Requião surgiram como do nada, após confirmação da vitória. Buzinas, foguetórios, até parece festa de final de ano. Tanta gente bebendo, fumando, e eu aqui feliz com a vitória dos dois, mas muito apreensivo. Melhor ir pra casa.


   64 dias...segunda-feira 28.10.2002...
 
   Depois das estupendas vitórias do Requião e do Lula, esgotado e sozinho aqui na minha solidão, entrei num choro profundo, e como chorei...não sei se pelo cansaço e tensão provocado pelas eleições, já que abracei de corpo e alma a campanha ou pelo Coxa ter perdido ou por ter relegado a segundo plano a minha família neste segundo turno das eleições, pelo bar que quase não abri e que não sei como repor o estoque ou pelas musicas do boneyM que ouço no último volume ou por tudo junto.