sexta-feira, 30 de maio de 2008

BOLA PERDIDA "CÓPIA"DO DALTON

ESTA É UMA CÓPIA DO TEXTO DO DALTON PUBLICADA NO BLOG DO
POLACO: polacodabarreirinha.blogspot.com

vá no blog do polaco e deixe seu comentário. Aproveite o embalo e veja
outros geniais textos daquele que tá sendo considerado o maior escritor
do Brasil. COM SEMPRE DIGO: - SEXTA É DIA DE TOMAR PORRE...
PORRE DE SABEDORIA NA ARTE DE ESCREVER E COMPREENDER
O DIA DIA DOS TERRÁQUEOS AINDA PRIMITIVOS.

NO MEU OUTRO BLOG: chicocoxabranca.blogspot.com TEM SEMPRE
MEUS PALPITES DA LOTECA(LOTERIA ESPORTIVA) UM DOS ÚNICO
JOGOS QUE ACREDITO, MAIS LOTOGOL, TELESENA E JOGO DE BICHO.
POR QUE NA MEGA SENA DUPLA SENA ETC REALIZADO PELO CAMINHÃO
DA SORTE DA CEF, ESTES EU TENHO DÚVIDAS E MUITAS DÚVIDAS.

meu e-mail: chicofantasma15@bol.com.br
orkut: Chico Fantasma
Fone(041) 9176.79.07

AOS MEUS AMIGOS(AS) PEÇO QUE COMUNIQUEM QUALQUER
MENSAGEM SUSPEITA ENVIADA EM MEU NOME.




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Bola Perdida



“Os jovens têm todos os defeitos dos mais velhos e mais dois:

falta de experiência e de sabedoria.”


Ditado do Azeribaijão



Meus benevolentíssimos leitores, não faz muito tempo o grande pacifista Mahatma Ghandi, ao estender seu magnânimo e beatífico olhar para os estragos que os ingleses provocavam na economia e na vida da Índia, saiu com esta : “Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como o oceano. Só porque existem algumas gotas sujas nele, não quer dizer que ele esteja totalmente sujo.” Concordo em gênero, número e grau.


- Eu também, eu também. Fala engordando o olhar sobre o que escrevo, o Geraldo, o ser que senta à minha direita e que tem entre suas predileções diárias assoar-se, rosnar, coçar-se, flatular e espiar sobre o meu ombro para planejar futuros plágios. Se eu o descrevesse fisicamente, certo, vocês não acreditariam no que estavam vendo, então, vamos deixá-lo como está e seguir em frente, meus turísticos leitores. Comecei com o Azerbaijão, encontro o caminho da Índia e chego ao Brasil. Ao desembarcar, o que vejo? Uma passeata de jovens exibindo cartazes com palavras de ordem: “Queimem livros de poetas curitibanos”, “Quem lê Leminski é traficante”, “Poesia é droga, denuncie”, “Morte aos OSS”, “Marcos Prado é merda pura”, “O Polaco da Barreirinha é pior que bosta” , “Forca para o Ivan Justen” , “Procura-se Koproski, França, Leprevost, vivos ou mortos!” , entre outras que prefiro nem citar, tamanha desfaçatez. Mas isso não tem importância.

A HIDROFOBIA BABILÔNICA ou a ERUPÇÃO DA BABA.


- Mas como assim não tem importância? Quem você pensa que é, ô merda mole de fiofó de scargot? Quantas vezes vou ter que repetir que você é pago para escrever sobre futebol, hein, escriba do satanás? O office-old tenta desestabilizar minha quase canina paciência taoísta. Eu apenas olho-o, vejo-o e, acreditem, enxergo apenas uma espinha enorme e mais nada, à minha esquerda. É impressionante, né, meus esclarecidíssimos leitores, mas vocês hão de concordar comigo, tem certas pessoas que, portando um defeito, só ele aparece. É como se todo o corpo deixasse de existir para dar lugar somente ao que mais lhes incomoda, àquilo que lhes é um câncer na alma. Sim, na alma. No caso do Ribamar, nosso idoso office-boy, as suas espinhas, que em suas freqüentes erupções já soterraram as mais vesuvianas Pompéias. Mas não é isso o que eu queria lhes dizer.
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PELA BOLA OITO


Certa feita, estávamos eu e Nelson Rodrigues no Estádio Mário Filho, antigo Maracanã, quando fomos apresentados a uma grã-fina da alta sociedade carioca. Ela, com seu nariz de cadáver, vinha pela vez primeira assistir a um jogo de futebol. O peculiar, meus curiosíssimos leitores, é que ela estava completamente transtornada pela impaciência e aos faniquitos exigia: “Me apresentem a Bola! Quero conhecê-la? Quem é a Bola?” O Nelson, como era do seu feitio, olhou-a tão profunda e longamente, que ela instintivamente abotoou o último botão da blusa e, lépida, afastou-se sem se despedir. O senhor que a trouxe até nós riu-se fartamente e isso fez com que sua barriga de ginecologista chegasse ao oitavo mês. Grávido de vaidade, ele nos confidenciou: “Essa aí já enterrou três maridos e tem mais quatro desquites nas costas.Tem quatro babás só para cuidar dos filhos pequenos, os adolescentes estudam na Suíça, é um fenômeno!” E balançando a pança ainda mais enfático: Que mulher! Não perde uma festa!! Nunca trocou uma fralda!!! Terminado o jogo, eu, Nelson e o exuberante balofo pegamos um táxi e fomos em direção a uma boate no Leblon. No caminho ele dizia: -“Ainda bem que a família está com os dias contados! Os jovens vão enterrar de vez a família!” Riu-se e desceu meia dúzia de quadras depois, nos deixando boquiabertos e estupefatos. Após um pequeno silêncio constrangedor, Nelson soltou o verbo: -“Um dias desses eu estava na PUC e havia uma pequena aglomeração e, ao centro, um jovem estudante perguntava: O que é um lar? E ele mesmo respondia enquanto mascava um chicletes talvez imaginário: O que nós chamamos de lar são cadeiras, mesas, camas, paredes, pratos. Fez uma pausa e concluiu com exultante crueldade: Eu não tenho não tenho que respeitar nem móveis, nem louças, nem toalhas, nem paredes. E sabe de uma coisa, Dalton?, foi aplaudidíssimo e carregado em triunfo. Mas isso não me surpreende tanto, escute essa. Outro dia um colega na redação d’O Globo, me dizia espavorido: Minha filha sabe mais do que eu! Perguntei-lhe: Que idade tem tua filha? Resposta: Onze anos. E já sabia mais do que ele. Procurando um isqueiro , o meu amigo disse mais: Só vendo como minha filha chama a mim de chato, à mãe de chata. Não me respeita, a menina. Minha filha é fogo! No fundo, no fundo, estava quase orgulhoso das desfeitas da menina. E Nelson respirou fundo nesse momento, como se algo o preocupasse infinitamente. E , com os olhos vazando luz, finalizou: Esse conceito “Razão da Idade” existe em todos os idiomas. Em toda parte, não se julga o jovem. A ninguém mais ocorre que o jovem pode ser um santo, um herói, um justo, mas também um canalha, um pusilâmine, um pulha assumido. Nelson, em sua sagrada indignação, só voltou a falar quando o garçom se acercou da nossa mesa. Mas não era isso o que eu ia lhes dizer, meus prolixíssimos leitores.

ENTREVISTA COM O VAMPIRO

O Trevisan esteve lá em casa, aproximadamente à meia noite, e, como um vampiro sedento e faminto, apropriou-se da garrafa de licor de ovos e da tigela de broinhas de fubá mimoso. Soltando farelos pela boca, sob o bigodinho que tenta esconder o dentinho de ouro, desembuchou:
- Passei no terreiro do Pai Véio Chico Fantasma e peguei a mensagem mediúnica do Machado de Assis. Tome, eu já li. Saiu e não disse nem tchau. Começo a pensar com meus botões de futebol de mesa e, bruscamente, sou interrompido:

- Já ia me esquecendo...Soube do Torcedor?

- Sei, a partir de amanhã já recebe visitas.

- Vamos lá amanhã?

- É possível.
Ia completar, mas a cabeça do Trevisan do jeito que veio foi e desapareceu na fresta da porta, me deixando a sós com o envelope na mão. Trêmulas, minhas mãos rasgam o papel e retiram a folha, de onde salta aos olhos a magnífica caligrafia de Machado:

Dalton, Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento. Assim não dá pra ser feliz.


Felicidades. Ass.: Machado de Assis

AGORA É TARDELLI.

Claro é isso! O Machado está certo. Eis a raiz, eis a verdade inexorável. Mas isso não tem importância. O que vale é ponto corrido e o campeonato brasileiro desembestou. Domingo passado, o Tardelli provou, ao vivo e em cores, para todo Brasil que não sabe pra que é que serve o apito. O fato é que ele é um juiz sem juízo e, na sua sandice, passou a mão cheia de dedos no Coritiba. Um descalabro, um achaque, um roubo. Assim podemos definir a sua atuação nos três pênaltis que deixou de marcar para os coxas. Dizem os mais mansos que o empate foi bom, mas quem entende de futebol viu outra coisa. O Polaco da Barreirinha me telefonou para contar que encontrou, na festa de nove anos do Beto Batata, o Maringas, indignado e soltando fogo pelas ventas: "Perdoando demasiadamente aos que cometem faltas, fazemos uma injustiça contra os que não as cometem." E quase saltando os olhos, completou: "É o medo o mais ignorante, o mais injusto e cruel dos conselheiros. Tenho certeza absoluta que o Tardelli é um cagão, se borrou todo de medo dos sampaulinos." O Polaco ainda fez a gentileza de me mandar a foto do insólito encontro, que aproveitei para ilustrar a crônica de hoje. Mas isso não tem importância. O Atlético também somou um ponto, mas não está jogando absolutamente nada. O novo técnico, prestigiadíssimo, fala em mudanças radicais, pois não gostou nadica do que viu. O mesmo discurso passa pela garganta do Bonamigo, que amargou mais um péssimo resultado em casa. Talvez o Paraná queira mesmo a lanterna porque não vê uma luz no fim do túnel.

O Roberto Prado, na sua enorme generosidade, me ligou na segunda de madrugada, aflito:

- Dalton, o futebol do Paraná não tem representação. Os nossos políticos, dirigentes e representantes são um bando de puxa-sacos que cada vez aumentam mais. Ninguém faz porra nenhuma. Ou você acha que só os remorsos suprem a justiça?

- Bem, Beco, penso que...O desgracido desligou e não disse nem boa noite. Fico a sós com minha insônia e penso em vocês, meus queridos leitores. Vocês que torcem pelo Coritiba, Atlético, Paraná. Vocês que entregam parte de seus suados salários em troca de um ingresso e torcem e vibram e se emocionam. Vocês querem, no mínimo, que os jogadores façam a mesma doação, que ponham o coração no bico da chuteira e honrem a camisa que um dia pertenceu a um Krueger, Zé Roberto, Evair, Sicupira, Assis, Régis, Saulo. Pode até perder, mas que até o último segundo o time esteja apertando a goela do adversário e bafejando na nuca.

SEM O ALEX, A RAPOSA MIA.

Vem aí, o Cruzeiro, a pedra da vez no sapato do Coritiba. Mas sem aquele que já foi nosso maior craque e deles também, o Alex. A torcida Coxa não quer nem saber, com Carlinhos Paraíba no time jogando com Michael ao seu lado, não tem pra ninguém. E time por time sou mais o verdão. O Couto lotado é sempre um jogador a mais e o time está jogando bem, na maior parte do tempo. Para vencer, basta entrar ligado, totalmente focado no jogo, que a raposa entrega os pontos. O Atlético vai a São Paulo pegar o Palmeiras, que vai jogar desfalcado. Mas não significa muita coisa, pois o Luxemburgo é um estrategista de mão cheia e o Atlético não mete medo em mais ninguém. O Roberto Fernandes diz que vai mudar isso, mas só teve pouco mais de uma semana para trabalhar. O Paraná...bem...é melhor deixar pra lá, por enquanto, para não atrapalhar. Mas não brinquem com o Ceará, porque o estádio pode cair de vez. Como diz meu amigo Batista de Pilar, paranista doente: agora é ganhar ou ganhar.
Mas isso não tem importância.

NÃO SE MATE E NEM CORTE O SEU PESCOÇO: DEUS ESTÁ CONOSCO.

O que eu queria mesmo lhes dizer, meus cordialíssimos leitores, é que o Brasil ainda vai ser tudo aquilo que queremos. Se hoje vemos bandos de desonestos, dúzias de falsários, pencas de ladrões, vagões de corruptos, carretas de indecentes, contâineres de traficantes e contrabandistas aos montes, vamos pensar que entre eles existem jovens, adultos e velhos. A idade não importa nem para o bem nem para o mal. O que importa mesmo é a consciência de que juntos formamos uma nação e ela é o que nós somos. Há lugar para todos, poetas, pensadores, religiosos, artistas, trabalhadores, enfim, os que aprenderam que viver é somar experiências, acumular ensinamentos e caminhar ao encontro da verdade, da justiça e da solidariedade. A ignorância é a raiz de todo mal, meus sapientíssimos leitores.

Poupem-me todos aqueles que ainda não são o que deveriam ser.
SEXTA QUE VEM TEM MAIS DALTON...E NA OUTRA E NA OUTRA...
Dalton Machado Rodrigues
postado por polacodabarreirinha @ 20:21 SEXTA QUE VEM TEM MAIS!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

TODA SEXTA TEM PORRE DE SABEDORIA

CÓPIA DO BLOG:polacodabarreirinha.blogspot.com
TODA SEXTA FEIRA TEM OBRA PRIMA DO DALTON

E TODA SEXTA FEIRA TEM MEUS PALPITES DA LOTECA
E DELÍRIOS MENTAIS do Chico Fantasma NO MEU BLOG: chicocoxabranca.blogspot.com

meu e-mail: chicofantasma15@bol.com.br
orkut: Chico Fantasma


LEIA ABAIXO A MATÉRIA DESTA SEXTA, FAÇA COMENTÁRIOS NO BLOG
DO POLACO. QUANDO CHEGA SEXTA, JÁ SABE, É DIA DE TOMAR
UM PORRE...DE SABEDORIA. ABRA A TAMPA DESTA GARRAFA E TIRE
O PÓ DA MEDÍOCRIDADE QUE NÓS TERRÁQUEOS PRIMITIVOS CARREGAMOS
PELOS SÉCULOS E SÉCULOS...AMÉM!


sexta-feira, Maio 23, 2008


Bola Perdida

“Jimi Hendrix , no festival de Monterrey, fez uma exibição tão divina e maravilhosamente perfeita que se tivéssemos que separar músico e instrumento
seria o mesmo que operar xifópagos.”


Meus irrequietos leitores, não se preocupem, isto aqui ainda não virou coluna musical, mas, vocês sabem, ela é e sempre será uma janela aberta para a vida, a alegria e a arte. E, para os brasileiros e mais uma boa parte do mundo, o maior artista de todos os tempos ainda é Pelé. Então para ficar tudo absolutamente claro entre nós, podemos, se pensarmos com inteligência, chegar juntos à mesma conclusão, isto é, assim como não podemos separar a guitarra de Hendrix, também não podemos separar a bola de Pelé. Esses dois gênios, que uso como exemplo, seriam corpo e alma como nós? Desconfio que não. Intuo que são mais. Muito mais. Digamos que, além do corpo e da alma, há nestes predestinados uma extensão dos corpos (guitarra e bola), assim como também de suas almas (música e futebol). Mas isso não tem importância.

- Se não tem importância, então, por que você fala sobre isso, ameba artrítica? Ouço à minha direita e, sem olhar, adivinho o Geraldo, num esgar, a esticar o olho em direção ao que escrevo para pilhar idéias, enquanto recolhe restos de baba elástica com o lenço engomado e duro de tanto ranho seco.

- O quê! Não me diga que esse coágulo de sangue tuberculoso já começou a punhetar? Com o canto do olho, observo à minha esquerda, um semi-rosto em meio a uma espinha enorme, voluptuosa, prestes a entrar em erupção e me protejo, abrindo o guarda-chuva. Me sentindo seguro, observo Ribamar, o matusalênico office-boy da redação, olhos de boi assustado, espremendo, empurrando, suando, no limite de suas forças, até que, num momento apoteótico, a hecatombe se realiza e me proporciona uma visão do que pode ter sido um dia o big-bang. É o sebo líquido que explode cedendo à pressão dos dedos e se espalha por toda a redação, meus cepticíssimos leitores. Mas, não se enganem, não é só o sebo de uma espinha, não, não é uma espinhazinha qualquer, como são as espinhas da classe média, por favor, acreditem. É, antes, uma excreção ancestral, milenar, um vazamento remoto, de bem antes do homem tirar as patas dianteiras do chão. Um fenômeno tão desgraçadamente nojento que a natureza, por bem e por asco, já havia extinto e sepultado há pelo menos cem séculos. Mas isso não tem importância,
meus importantíssimos leitores.

Os dois infelizes caem na gargalhada e, de braços dados, saem para fumar, mas não sem antes conferir os vestígios de sebo sobre esta folha alva em que escrevo. Dou-lhes as costas e, como quem reza, início a oração que estava prestes a lhes dizer, quando fui interrompido. O assunto de hoje, meus honestíssimos leitores, o que realmente quero lhes dizer é algo que me assombra há muito tempo. É de conhecimento de todos vocês o célebre ditado que diz que a justiça é cega. Pode até ser, mas só no restante do mundo. No Brasil, ela é cega surda, muda e tetraplégica.

- Toda regra tem exceção, ô besta apocalíptica. Geraldo volta, senta-se à minha direta e solta a última baforada na minha cara, rindo.

- Por que não fecha esse bebedouro de lavagem, hein, cachaço capadão? Zurra, apagando o cigarro sobre minhas anotações, o office-old.

Apesar da indelicadeza gratuita dos dois delinqüentes senis, não perco o fio da meada e retomo. Dia desses, pensando cá com os meus botões de futebol de mesa, deduzi que não há nada neste mundo, quiçá além dele, mais corrupto e ganancioso do que grande parte da classe política brasileira. Não, não estou sendo inocente, meus precipitadíssimos leitores. Lógico que essa classe, além de se servir no lauto banquete das mutretas e da impunidade, serve o grupo mandante, que, servido, caga caviar e limpa o rabo com notas de cem, enquanto sorri para as colunas sociais e para nós que ficamos sem nenhum. São péssimos exemplos. Gente que veio ao mundo só para pilhar, piratas que roubam mais do que poderiam gastar se vivessem mil anos.
Me dá nojo. Mas isso não tem importância.

Sei que vocês devem estar se perguntando: “Mas o que isso tem a ver com o Hendrix, com o Pelé, com a música, com o futebol?”

Tudo, meus argutíssimos leitores. E explico: sem arte, o mundo é apenas matéria. Um amontoado de tijolos, postes, pedras, fios, antenas, papéis, ferros, rodas, carnes e ossos. Reduzida à simples matéria, a humanidade se brutaliza. É muito pior do que qualquer animal selvagem, pois esse só mata na medida exata de suas necessidades. O homem ganancioso não, esse é capaz de colocar uma amante, coberta de jóias raras num transatlântico de luxo e deixar quinhentos operários na sua fábrica à míngua. Não tem limites a ignorância e a cegueira provocadas pela ambição. Mas não era exatamente isso que eu queria lhes dizer. A verdade é que o campeonato brasileiro vai que é um upa para alguns times e nem tanto para outros. O fim de semana para os clubes paranaenses, na verdade, foi o fim do mundo, um Apocalipse Now sem a direção de um Francis Ford Coppola e sem a interpretação do genial Marlon Brando.

O Paraná levou uma tunda tão formidável que caiu de quatro nas areias do Castelão. Tupo por culpa do campo. Realmente é uma vergonha, mas isso é série B, meus paraníssimos leitores. Ainda bem que, na terça, o Paraná conseguiu um empate em Marília e não voltou com as mãos completamente vazias. Jogou bem, dominou, mas no futebol nem sempre o melhor vence. Vamos torcer que essa melhora do padrão de jogo não seja apenas uma ameaça e comece realmente a se recuperar e somar pontos.

O Atlético, apesar de ter conquistado um ponto com o empate, jogou bem 28 minutos e novamente se perdeu. Os reservas e juvenis do São Paulo foram pra cima e só não ganharam o jogo, porque o rubronegro está com sorte. Muita sorte, meus atleticaníssimos leitores, tanta sorte que o Nei foi mandado embora. Francamente, o time estava sem padrão de jogo, sem esquema tático, sem liderança dentro de campo, enfim, um amontoado de jogadores, correndo atrás da bola e, quando a tinham, não sabiam o que fazer com ela. Mas isso não tem importância.

A vergonha maior do nosso futebol ficou mesmo por conta do Coritiba, ou melhor,
de uma pequena parte de sua torcida, pois apanharam quatro vezes: no campo, em frente à sede da torcida do Figueirense, na delegacia e na mídia. Uma vergonha em rede nacional, vista, revista e que permitiu aos cronistas de todo país tripudiarem sobre as gloriosas cores alviverdes. Uma lástima só comparável ao primeiro tempo do jogo. Uma modorra só. Eu havia dito semana passada que se o coxa jogasse 70% do que jogou contra o Palmeiras ia ser um massacre, mas não jogou nem 20% e sentou que rosqueou. Resultado: 2x1 para o Figueira. Após o intervalo, o time que entrou em campo era outro. O Dorival Jr. deve ter dado uma mijada daquelas. O coxa pressionou, dominou, mas sem alma, sem coração, sem força, sem técnica e sem estratégia. A verdade, meu coritibaníssimos leitores, é que o coxa, sem seus principais jogadores, é um time extremamente comum. De bom, apenas Guaru e Hugo. Michael, sem Carlinhos Paraíba para tabelar, não teve o mesmo brilho e Alê foi uma caricatura do jogo anterior.

Preocupante, mas, com a volta dos titulares, o time tem tudo para vencer o São Paulo e convencer. Principalmente se a dupla Pedro Ken e Michael jogar tudo que sabe e a defesa não der o mole que deu ao time barriga verde. A lamentar, a suspensão do Carlinhos Paraíba. Mas uma coisa é certa o São Paulo, depois da derrota e eliminação da Libertadores, vai vir babando e soltando fogo pelas ventas pra cima.
Vai ser aquela guerra.

O Atlético igualmente tem um osso duro pela frente, o seu homônimo de Minas.
Mas também tem tudo para vencer. O novo técnico deve dar a injeção de ânimo que falta para que os seus jogadores, finalmente, formem um time de futebol.

O Paraná, agora, tem dois jogos em casa, Bragantino e Ceará. Estão aí duas grandes oportunidades,pois com duas vitórias convincentes o time e a torcida voltarão a sorrir. E quem sabe até o técnico, que não anda com cara de bonamigo. Perdoem-me o trocadilho, mas também sou humano, meus pacientíssimos leitores.

O que não posso deixar de lhes dizer é que o meu tio, o Torcedor, o único cara no mundo que não perde uma partida de futebol e não torce para time nenhum, a não ser pelo futebol-arte, piorou e pirou. Entrou em depressão profunda, ao saber, na UTI, através de uma enfermeira fofoqueira, os resultados dos jogos do domingo passado. Segundo relatos dos médicos que o atenderam, o Torcedor por pouco, muito pouco, pouco mesmo, não peidou para o diabo. O Trevisan apareceu lá em casa à noitinha e me contou em detalhes:

- Dalton, teu tio só não virou merda seca de micróbio porque foi atendido na hora. Foi um infarto fulminante, daqueles que normalmente o cara cai duro, seco, arreganhado e sem volta.

- Putz!

- O Torcedor vai ter que ficar 30 dias em repouso absoluto, visitas só na semana que vem.

- Bom, pelo menos, ele vai descansar na marra. Vai ser bom.

- É, proibiram televisão, rádio e jornal. É soro e sono. E por falar nisso, o Machado acordou do seu sono eterno e deixou uma mensagem para você no terreiro do Pai Véio Chico Fantasma, posso ler?

- Claro, claro, mas leia em voz alta, pois estou mais expectativo que mãe viúva quando vê a filha virgem partindo para a lua de mel.

- Escute, então: “Dalton, catei outra pérola para você :
Daqui pra frente, o fogo é irmão da dinamite!
Faça bom uso.
Machado de Assis.”

- Profundo, hein, Trevisan?

- Só. Saiu, pensativo, sorumbático e macambúzio e não disse nem tchau. Ligo a televisão e tenho que desligá-la imediatamente, para atender ao telefone,
me dêem uma licencinha:

- Alô... fala...

- Ô, Dalton, é o Roberto Prado.

- Tudo bem, Beco? O que você manda, cara?

- Eu não tenho bem certeza, Dalton, sobre o que imbecilizou mais as duas últimas gerações brasileiras, se foi a ditadura militar ou a programação dos canais de televisão.

- Acho que foi...O Beco desligou sem esperar resposta. É sempre assim, ele lança uma dúvida, descobre a resposta enquanto faz a pergunta e desliga. Vá entender um cara desses.Mas isso não tem importância.


Sirvo-me de uma generosa dose de licor de ovos e um belo naco de broinha de fubá mimoso e, sentado na varanda, olhando para as estrelas, lembro da primeira vez que me encontrei com Nelson Rodrigues. Ele falava em voz alta e gesticulava como se estivesse num teatro, falando grego: “Até poucos anos atrás, o idiota era apenas o idiota e como tal se comportava. E o primeiro a se saber idiota era o próprio idiota. Não tinha ilusões. Julgando-se um inepto nato e hereditário, jamais se atreveu a mover uma palha, ou tirar uma cadeira do lugar. Em 50, 100 ou 200 mil anos, nunca um idiota ousou questionar os valores da vida. Simplesmente, não pensava. Os melhores pensavam por ele, sentiam por ele, decidiam por ele. Deve-se a Marx o formidável despertar dos idiotas. Estes descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que, há 500 mil anos, limitava-se a babar na gravata, passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente etc. Houve, então, em toda parte, a explosão triunfal dos idiotas.” Deixou-se cair na cadeira e ficou olhando pela janela com os olhos perdidos, como eu estou olhando para as estrelas agora. O calor desses três últimos dias me alegrou, gosto destes veranicos de maio. O anoitecer é sempre agradável, tranqüilo e dá uma pausa reconfortante ao meu espírito. É isso aí, meus paupérrimos leitores, enquanto na televisão, rádio e jornais os escândalos são manchetes e espoucam em todos os cantos do país, nós, os idiotas, vamos pagando a conta. Mas domingo tem jogo e um grito de gol está atravessado em nossa garganta. Como bem disse o Maringas, quem sabe, um dia, este grito seja o rastilho que vai levar o fogo à pólvora. Ou, como eu completo, e se transforme em uma extensão de nossas almas, como o futebol e a música para o Pelé e o Hendrix. Então, além de comemorar um gol, iremos festejar também o pleno exercício de nossa cidadania, com honestidade,
bravura, verdade e arte.

Poupem-me enquanto esse dia não vem.

Dalton Machado Rodrigues

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Em breve meu livro: Big Brother do Cigarro,

da Bebida e dos Jogos. Toda sexta meus

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sexta-feira, 16 de maio de 2008

CÓPIA DO BLOG: polacodabarreirinha.blogspot.com

Quinta-feira, Maio 15, 2008



Bola Perdida

“Garrincha, para mim, foi a prova definitiva e final de que Deus
joga certo por pernas tortas.”

Meus estigmadíssimos leitores, ler-me deve ser mesmo uma caixinha de surpresa. Meu amor aos poetas, músicos, pensadores, religiosos, deu a mim e a meus textos uma textura que, quando não compreendida, se assemelha a um amontoado de frases sem nexo. Ou, por comparação, a um time de futebol sem técnica e sem técnico. Mas isso não tem importância.
- Que merda! Vai pregar de novo no deserto, escriba dos infernos. Será que você não se enxerga, Dalton? O povão quer ir direto ao assunto, ninguém está interessado em firulas do perna-de-pau mor de nossas letras... Ah ah ah ah ha!
- Ah ah ah ah! O Dalton é um mamute, com passo de elefantinho. Vai te catar, ô poço de paranóia. Ninguém quer saber de literatices ou de se sentir enxovalhado pela sua pretensa superioridade.
Os dois palhaços, sem circo e sem picadeiro, trabalham comigo aqui na redação e, juro pra vocês, só não matei um rindo ainda porque não pego em caca nem quando estou distraído. É constrangedor ver duas pessoas se apegando ao chiste, à pilheria, à bazófia apenas para importunar e tentar tirar minha concentração na hora em que lhes escrevo, meus fidelíssimos leitores. O ser da esquerda é tão repugnante que aos 21 anos ainda é office-boy da empresa. Ribamar é o único humano que consegue ter uma cara entre as espinhas. Dá nojo, só de ver, além das crateras, jorros e erupções vulcânicas espalhando sebo líquido nas telas dos monitores e nos teclados. Já perdi a conta de quantas vezes fui atingido. Mas isso não tem importância. O que eu na verdade queria lhes dizer é que...eu não tenho bem certeza, acho que foi em 1964... não, não. Me perdoem o apagão momentâneo. Lembro de botas e militares chutando presos, entrando de sola e mandando a democracia pra escanteio, sem dar bola pra ninguém. Isso mesmo: 1965! O que eu ia dizer é que eu e o Nelson Rodrigues nos encontramos naquele ano, à meia-noite, em plena Av.Copacabana. A lua e a maré, cheias, encheram-nos o coração com tanta beleza que, naquela noite, fomos, um para o outro, mais fraternais do que brasileiro no dia em o timão quebrou o jejum de 23 anos sem título. O clima de camaradagem, que cultivamos desde que nos reconhecemos como artistas, a conversa elegante e a alegria incontida pelo encontro inesperado, trouxeram ao nosso passeio a saudade do eternamente genial, do menino, do anjo de pernas tortas, o nosso Garrincha. Eu e o Nelson, alguns anos antes, havíamos presenciado a mais bela partida que o futebol já proporcionou ao mundo: Botafogo 3 x 0 Flamengo.
As manchetes, no dia seguinte, urravam elogios ao herói da partida. Todas, numa devoção quase materna, colocavam Mané ao lado ou acima dos deuses. A Manchete d’O Globo, em letras garrafais, embriagou os olhos espantados do Brasil com esta pérola de manchete: “Garrincha 3, Flamengo 0”. Rimos, choramos de tanto rir, regidos pela doce emoção e magia das imagens imortalizadas em nossas vidas. Quando nos despedimos, um vazio preencheu o brilho dos seus olhos que, tristes, olhavam para os meus. Lembro de ter visto uma lágrima, mínima, esquálida, ínfima, paralisada em Nelson, como se, suspensa e imóvel, pudesse se proteger do meu olhar quase profano. Antes de virar as costas e sair me disse: “Dalton, o homem é senhor do que silencia e escravo do que pronuncia. Mas vou lhe dizer uma verdade que tenho como definitiva, com Garrincha e Pelé em campo, o povo não lotava o estádio para torcer, mas para rezar. Graças a eles saímos do subdesenvolvimento e entramos para o primeiro mundo.” Pouco depois, eu estava só, pisando a areia de Copacabana e ansioso para voltar para Curitiba, mas uma estranha sensação de bem estar me acompanhou durante muito tempo. É como se, pela primeira vez, eu olhasse para mim mesmo e me reconhecesse no palco do mundo, não mais como coadjuvante e, sim,
protagonista da história.
Perdoem-me pela divagação e pecado de me deixar levar pelas lembranças e vaidades que o tempo ainda não soterrou. O que eu quero dizer, meus contemporanísssimos leitores, é que quando o presente embrutece os sentidos,
o passado é tudo que nos resta.
- Mas será possível, Deus do céu!! Que coisa mais chata, um nhém nhém nhém que não pára nunca. Fala do campeonato brasileiro, rato de biblioteca. Guincha o ser úmido, pegajoso e untuoso ao tato, entretido a explodir estupendas espinhas diante do espelho encardido.
- O quê? O cara ainda não entrou no assunto? É uma bosta seca de burro mesmo. Puta que o pariu, que mula! Gralha o ser difuso à minha direita, o Geraldo, o colunista político mais alienado do sul do cu do mundo. Mas isso não tem importância. O fato é que a maledicência e a inveja se encalacraram de tal forma na alma desses dois que fica difícil defini-los sem que minha própria alma se enlameie de indecência. Tudo que posso é, mais ou menos, pincelar suas características mais amenas, não para que vocês, meus sapientíssimos leitores, formem juízo, mas para que o percam. Mas voltando ao que ia lhes dizer, quando fui interrompido pelo Geraldo e Ribamar, o nosso presente é bom. Só não é perfeito porque um dos nossos times perdeu. Mas o Coritiba lavou a nossa alma. Michael e o Carlinhos Paraíba jogaram como Pelé e Garrincha em seus áureos tempos. Os dois fizeram jogadas que até o Luxemburgo teve vontade de aplaudir de pé, mas preferiu se acovardar e bater na fraca arbitragem da partida que, na verdade, só prejudicou mesmo ao Coritiba. Mas isso não tem importância. O que não posso deixar de lhes dizer é que Hugo, Pedro Ken, Alê e Ricardinho acabaram com o jogo. Enquanto Michael e Paraíba voavam em campo e faziam peripécias das mais supimpas, com triangulações, dribles, arrancadas fenomenais, o quarteto fantástico fazia os palmeirenses sentirem meda, temora, pânica, horrora. Faltou muito pouco para perguntarem uns aos outros, aos gritos e faniquitos: “Cadê a bola, cadê?” Para não lhes faltar com a sinceridade total e absoluta, digo mais, o time do Coritiba, foi verdadeiramente um time. Coeso, compacto, raçudo, agressivo na marcação e criativo quando estava com a bola no pé. Os dois gols foram obras-primas. Hugo serviu e marcou, Michael marcou e serviu. Dorival Jr. mereceu nota 9, pois teve inteligência para armar e orientar o time com a lucidez de um Eisten. O Atlético foi a Ipatinga marcou um gol aos 3 minutos e teve um apagão. Não se viu futebol e como não teve futebol, em respeito ao meu tio Torcedor, me nego a comentar. Mas, a bem da verdade, trouxe 3 pontos, jogando na casa do adversário, e esse fato é inegavelmente positivo. Nesta semana, anunciou mais um reforço, um tal de Joãozinho. O Augusto Mafuz, furibundo, trovejou em sua coluna, soltando raios, relâmpagos e trovões pelas ventas. Eu só conheço o Joãozinho das piadas com a Mariazinha ou com a professora.
Mas daí só rindo.
O Paraná jogou futebol para nada. Perdeu do Avaí, com um gol do Sobrenatural de Almeida. O que se viu na Vila Capanema foi um amontoado de jogadores querendo pegar de pau a coitada da bola. Mas não faltou luta ao tricolor, faltou técnica, entrosamento, pontaria, tabelas, triangulações, esses pequenos detalhes que diferenciam um time de futebol de um time de luta greco-romana. Mas tudo isso é passado. Vem aí a segunda rodada, o Coritiba, desfalcado do artilheiro Keirrison , do gigante Jéci, do talentoso Marlos, do impetuoso Rodrigo Mancha e do incrível Paraíba vai a Floripa, terra da belíssima Lagoa da Conceição, enfrentar o melhor ataque e a pior defesa do campeonato. O Figueirense levou 5 da Portuguesa, mas conseguiu empatar depois de estar perdendo por 5x2. E um ponto fora de casa é sempre bom num campeonato de pontos corridos. Mas se o Coxa jogar 70% do que jogou no domingo vai escalpelar em pleno Orlando Scarpelli o alvinegro barriga verde, sem dó nem piedade. O Atlético, no Joaquim Américo, pega o São Paulo que vem de uma derrota para o Grêmio e de uma vitória contra o Fluminense. A torcida pode fazer a diferença, mas se o Atlético não jogar nada como fez em Ipatinga pode levar uma traulitrada inesquecível. O normal é que o Atlético vença, pois o São Paulo poupará vários titulares para o jogo de volta com o Fluminense.
O Paraná vai à Fortaleza jogar com o time homônimo que se acastelará no Castelão e tentará, na pressão, cozinhar o gralha. Não vai ser fácil, o Fortaleza empatou com o Bahia na Fonte Nova e, por muito pouco, não venceu. Mas o Paraná se utiliza muito bem do contra-ataque e, com a volta do Joelson, pode se dar bem. Tomara que sim. Caso contrário, vai ter que segurar a lanterna e tentar achar o caminho de casa. Mas isso não tem importância.

Agora, me dêem uma licencinha que eu vou atender ao telefone:
- Alô, quem fala?
- Teu pai.
- Ô, Trevisan, que que há, cara, perdeu o respeito?
- Não se preocupe, não tenho porco na família.
- Diz, aí. Você tem visto o Torcedor?
- O cara entrou em depressão profunda, Dalton. Já na primeira rodada do Campeonato Brasileiro... POF! O cara caiu duro, seco e arreganhado. Acordou no hospital, babando e delirando, aos gritos, com choros e rangeres de dentes. O doutor disse que o Torcedor, quando chegou, estava começando a comer capim pela raiz.
Mas agora já está bem.
- Trevisan, o cara ama o futebol arte mais do que eu amo meu pai. E o cara nunca teve time, dá pra imaginar o sofrimento do desgracido, que não perde um jogo, vendo Paraná e Avaí, Atlético e Ipatinga, Atletico Mineiro e Fluminense, São Paulo e Grêmio?
- Coitado do velhinho. Mas mudando de assunto, o Machado de Assis deixou sua mensagem mediúnica, direto do além via terreiro do Pai Véio Chico Fantasma. Como o Torcedor está no hospital fui pegar.
Quer que eu leia?
- Não não quero, é você que quer. Manda ver, cara, desembucha.
-
Ouça aí: “Povão só pega um bronze quando lhe cai uma estátua em cima. E só descobre um grande filão, quando, alegrinho, se dirige direto ao guichê, ouve uma tremenda vaia, olha pra trás e vê o sádico guardinha cutucando seu ombro e apontando o tamanho da procissão que chegou antes.
Te cuida, Dalton e cuida do Torcedor!

Ass.: Machado de Assis.”
- ...
Trevisan, diante da minha breve e inconseqüente reticência, desligou e, como sempre, não disse nem tchau. Fiquei a pensar cá com os meus botões de futebol de mesa: é mesmo, né, meus sexta-feiríssimos leitores?, o Machado de Assis, morto, está mais vivo do que antes. Sua mensagem me faz refletir sobre um ensinamento do velho sábio chinês, o honorável Lao Tsé, autor do enunciado da Teoria da Relatividade, em 570 a.C ou, pra ser exato, 2.538 a.E.* : “Aqueles que, na Terra, vivem só na engorda, na virada do cocho vão pro espeto.” Eis uma coisa pra se pensar. Mas isso não tem importância.
Essa semana foi que é um upa. O Maringas ainda está comemorando e mandou fazer uma placa sanduíche, onde na frente se vê o símbolo do coxa com a frase: Estamos comemorando há 12 dias, sem acidentes. E nas costas: Nosso recorde é 28 dias, em 1985. O Roberto Prado foi quem o encontrou e me ligou, mais expectativo que noivo virgem em sua festa de despedida de solteiro. O papo ao telefone foi meio insólito, mas, se não me falha a memória,
foi mais ou menos assim.
- O Maringas está completamente louco, Dalton!
- Por que, Beco?
(Pronuncia-se Béco).
- O cara não pára de festejar.
- E daí?
- O cara parece o meu filho Gregório.
- Então ele é genial.
- Ah, você me entendeu...não tergiverse.
- ?!
Desligou e a la Dalton e não disse nem tchau.
Uma das razões por que gosto do Beco é essa ausência de formalidades. Sua sinceridade sempre acaba me tocando e elevando meu espírito. A noite agora é um fato e o céu com ataque de estrelismo pipoca aqui, ali e acolá. Enquanto eu, palmilhando estrelas, digo pra mim mesmo:
- Poupem-me, pois de mim ou do eu ainda há de vir o dia em que todos serão meus filhos. E, a continuar assim, eu paro por aqui.


Dalton Machado Rodrigues

* Antes de Einstein
postado por polacodabarreirinha @ 2:40 PM
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Em breve meu livro: BIG BROTHER DO CIGARRO DA BEBIDA E DOS JOGOS
"Um livro feito por vozes de outro mundo?

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quarta-feira, 7 de maio de 2008

BOLA PERDIDA

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Bola Perdida

"Quem perde ou ganha um jogo é a alma."

Meus psicóticos leitores, já vi de tudo nesta vida, mas arrogância e prepotência símiles às de Petraglia não têm registro na história universal. Cristo, quando foi tentado no deserto, sofreu a provação de todas as armadilhas que a matéria é capaz de criar no espírito. Mas isso não tem importância. O que eu quero mesmo dizer, e digo-o agora, é que o Petraglia tem seduzido, com sucesso, a massa atleticana. A matéria, o vil metal, mais todas as mazelas que os acompanham, têm dado à feição atleticana os traços que a desfiguram. O dono do Atlético faz o que quer, quando quer e como quer. Está acima de tudo e de todos. Manda e desmanda, os descontentes que se mudem. Mas nem sempre foi assim. Longe vai o tempo em os dois times se uniam para o campeonato brasileiro, longe vai o tempo em que vi Nilo, emprestado ao Atlético, sendo aplaudido de pé pelo estádio lotado de coxas e atleticanos ao marcar um golaço do meio do campo, longe vai o tempo em que graças a essa união se quebravam todos os recordes de público, longe vai o tempo em que torcer era fazer piadas, gozações e dividir o Couto Pereira ao meio para a festa ser completa.
Desculpem-me por esse rompante, meus líricos leitores, mas quando estou diante de uma ambição desmedida, capaz de jogar o nome de Joaquim Américo aos leões do esquecimento em troca de favores monetários, eu chego a pensar o diabo. Não é possível que nenhuma alma atleticana se levante ao ver seu clube do coração ser satanizado, odiado, excomungado. Eis aí a grande verdade, o vírus Petraglia está contaminando a torcida rubronegra: 29 ônibus depredados, armas, drogas, agressões, confrontos. A matéria tomou conta. Um belo estádio, um modelo de CT, dinheiro em caixa, mas cadê o Atlético? Cadê o espírito de Jofre Cabral, cadê a alma de Valmor Zimmermann? Jesus disse que onde estiver o seu coração, ali estará o seu tesouro. Mas o Atlético hoje não tem coração e, portanto, não tem também um tesouro.
O Roberto Prado me mandou um e-mail mais indignado do que Danton diante dos crimes de Roberspierre: "Dalton, fiquei assustado. Nem o imperador Calígula ousava tirar o direito do campeão no circo dos gladiadores. Domingo, no semi-circo, os cartolas materialistas ousaram desafiar os deuses da bola. A atitude da diretoria atleticana mostra que, dependendo dos personagens envolvidos, a história pode, sim, andar para trás. Negativo para eles!"

Pois é, Roberto, nem Calígula. Em vez de festa, desrespeito ao torcedor, à Federação, ao time do Coritiba, e muito pior, à tradição de alegria do futebol brasileiro. Mas não pára por aí o desmando. Transmitiram ao vivo o jogo sem a permissão do Coritiba, ignorando uma ordem judicial conseguida pelo canal 12, e com palavras de baixo calão e expressões desrespeitosas à torcida e ao time do Coritiba. É o vírus Petraglia agindo no sangue atleticano. É a arrogância e a prepotência infectando um passado de glórias e empanando o brilho de homens como Aníbal Requião, Ítalo Conti Júnior, João Alfredo Silva, Renato Siqueira, Motta Ribeiro, Maneco Aranha, Abílio Ribeiro, entre outros que fizeram o verdadeiro Atlético. Esse que está aí, não é o Atlético. É, sim, uma caricatura de time de futebol, uma empresa onde o lucro e a matéria estão acima do bem.
Mas isso não tem importância. Vamos ao Atletiba decisivo. O sobrenatural rondou o Estádio Joaquim Américo. Dorival e Ney armaram seus times com o que achavam que tinham de melhor. Nei, certo; Dorival, errado. O Coritiba, apesar de começar melhor, sofreu um gol. Netinho tenta cruzar e a bola entra no ângulo, dando uma mostra ao Édson Bastos do que o detalhe é capaz de fazer num clássico. Vem abaixo a torcida atleticana que até então fazia uma bonita festa. O Atlético passa a mandar no jogo, mas de maneira inconsistente, mais no abafa do que na técnica. E assim foi até o apito do juiz. Vem o segundo tempo, com ele o gol de Marcelo Ramos e o fim do Atlético. Isso mesmo, meus incrédulos leitores, o segundo gol rubronegro selou a sua sorte. Porque os dois técnicos mexeram em seus times e, desta vez, Dorival, certo; Ney, errado.
Marlos entrou em campo e mostrou porque é comparável a Alex; Henrique Dias, porque é sempre decisivo. Paraíba, Pedro Ken e K9, iluminados pela nova postura do time mandaram a campo um inesgotável repertório de dribles, jogadas trabalhadas, técnicas esmeradas e o resultado foi a perplexidade geral da torcida atleticana. O gol de Henrique Dias ou aquele outro que ele perdeu na cara do gol foram apenas detalhes, nada mais. A bola na trave do K9 a prova definitiva de que o Sobrenatural de Almeida estava em campo. Augusto Mafuz, colunista atleticano, na Tribuna do Paraná, assim definiu a epopéia coxa-branca: "Então, como tudo que é lógico, passa a ser justo também no futebol, a solução correta foi dada dentro de campo, com a flagrante supremacia sobre o Atlético.Em nenhum momento, os coxas correram o risco de perder o título neste jogo da Arena. Nem mesmo quando perdiam por 2 a 0 e pareciam submissos à emoção atleticana. Mas a emoção não basta para ganhar um jogo decisivo, porque ela não conduz ao poder técnico que se exige. Prova esta que, quando Marlos entrou, o Atlético se esvaziou. Sofrendo o gol de Henrique Dias, foi fragmentado no pouco que lhe restava, pelos erros de substituição de Ney Franco. Enquanto o Coritiba, no último terço do jogo, jogava com a verdade, que são Ken, Keirrison, Marlos e Paraíba, o Atlético continuava mentindo para a sua torcida, com Piauí, Nei, Alan Bahia, Pimba e Léo Medeiros."
Acho que o restante dos acontecimentos já foram devidamente registrados nesta coluna. O meu tio Torcedor, logo após o jogo, esteve aqui em casa. Entrou chutando a porta e berrando:
- O Petraglia tem que ser expurgado do futebol brasileiro!
- O que aconteceu? Perguntei, depois do sobressalto que quase me defenestrou.
- Esse abutre passou dos limites. A torcida atleticana não merece o que este cara está fazendo.
Do mesmo jeito que entrou, saiu. Da porta, ainda me lançou um envelope, me deixando sozinho a pensar com meus botões de futebol de mesa. Pensei mais comigo do que com os meus botões: "Com certeza ele passou pelo terreiro do Pai Véio Chico Fantasma e pegou a mensagem psicografada do Machado de Assis. Não deu outra, meus supersticiosos leitores, pra vocês, na íntegra (quem sou eu para mexer numa vírgula do mestre): "O fanatismo religioso é perigoso, muito perigoso. Mas o fanatismo futebolístico é mil vezes pior. O cara deixa de ter um Deus, para ter um time."

É isso aí, meus conclusivos leitores. O Machado está certíssimo. O Maringas está comemorando. O Edílson Del Grossi não deu as caras e o Trevisan não me ligou. Opa, só um minutinho que o telefone está tocando.
- Alô, pois não.
- Ô Dalton, tô tentando falar com você desde ontem.
- Desembucha, Trevisan.
- O Mahatma Ghandi certa feita disse: "Não me assusta a violência de poucos, mas o silêncio de muitos."
- ?!
- É isso aí, tchau e bênção.
- Mas...
Nem mais nem menos, desligou. Peguei um copo de licor de ovos e uma broinha de fubá mimoso e sentei-me para escrever o fim desta longa jornada. Ao primeiro gole que empurrei para empurrar um naco da broinha, me lembrei de um encontro que tive com Nelson Rodrigues, em Ipanema. Não lembro o ano, nem o mês, nem o dia, mas a imagem daquele encontro dilata minhas pupilas até hoje. O nosso grande dramaturgo estava muito triste com a derrota do seu Fluminense no clássico FLAFLU. Nem mesmo quando passou uma garota cheia de graça por nós, houve mudança em seu semblante. Nelson, sorumbático e macambúzio, com voz de barítono resfriado, sentenciou: "Estamos sós, Dalton, e a nossa miséria é maior do que a deles. Os canalhas não têm escrúpulos e estão mandando, dirigindo nossas vidas."
É isso, meus pacientíssimos leitores. Aos torcedores do Coritiba, meus parabéns. Aos verdadeiros atleticanos, também. Quanto ao resto, bem...Poupem-me, pois baixaria tem limite e eu ainda não tenho raiva de mim.

Dalton Machado Rodrigues(Francisco Wojciechowski RG2067524-l fone:91767907 R.Av.Agua Verde,2150 Ctba Pr orkut:chicofantasma
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